O esporte roraimense terá que esperar no mínimo mais quatro meses para ter de volta um de seus principais palcos, o Estádio Flamarion Vasconcelos, popularmente conhecido como ‘Canarinho’, localizado na zona Leste de Boa Vista. Previsto para ser reinaugurado em julho, as obras de reforma e ampliação do local, que se arrastam há seis anos, estão 80% concluídas e a nova data para a reabertura foi estipulada para início de dezembro.
Ao todo estão sendo investidos cerca de R$ 30,5 milhões dos cofres públicos nas obras do Estádio, que parecem intermináveis. O rombo poderia ser ainda maior. Isso porque a reforma, anunciada em 2010, custaria o montante de R$ 257 milhões se o Ministério Público Federal (MPF), à época, não houvesse instaurado inquérito para investigar irregularidades na aplicação de R$ 99 milhões que haviam sido destinados para a reconstrução do estádio.
Se os recursos anunciados há seis anos fossem totalmente aplicados no Canarinho, o estádio custaria R$ 134 milhões a menos que o mais barato utilizado na Copa do Mundo de 2014, a Arena da Baixada, em Curitiba, que custou R$ 391 milhões, segundo dados do Ministério do Esporte. À época, para justificar a reforma, o então governador José de Anchieta Júnior (PSDB) alegou que Roraima seria subsede da competição.
Após alguns anos paradas, as obras foram retomadas em maio de 2015, quando o local tinha somente 60% da estrutura prometida e estava sem previsão de entrega. Em setembro do mesmo ano, porém, a obra foi novamente paralisada. Após uma análise realizada pela Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinf), foi realizado um repactuamento com a Caixa Econômica Federal, passando a custar um total de R$ 30,5 milhões.
De acordo com a Seinf, mais de 50% desse valor já foi gasto e cerca de 80% das obras foram concluídas. Enquanto aguardam pela reabertura do maior palco esportivo do Estado, dirigentes de clubes tradicionais do futebol roraimense lamentam a falta de opção para a prática do esporte. A outra alternativa seria o Estádio Ribeirão, na zona Oeste, mas o local também foi vetado para jogos por conta da estrutura precária.
Boa parte dos jogos do campeonato roraimense deste ano foi realizada na Vila Olímpica, também na zona Oeste. “Tinha a previsão para entrega em agosto, era o que tinham passado para a gente. Antes de começar o campeonato, tivemos uma reunião com a Federação e a governadora [Suely Campos] nos informou que seria inaugurado em agosto, mas, pelo andamento da coisa, acho difícil. Acredito que deva faltar verba”, disse o presidente do Baré, Luciano Araújo, o “Zuza”.
Ele acredita que a equipe, vice-campeã roraimense de futebol este ano, foi prejudicada por conta da falta do estádio. “Nos prejudicou muito, não temos nem condições de fazer jogos contra times que vêm de fora porque não temos estádio. A expectativa é que esse estádio seja inaugurado e que no próximo campeonato tenhamos o Canarinho. Se tivesse o Estádio Canarinho esse ano, a história seria diferente”, frisou.
FRF – A reportagem da Folha tentou entrar em contato com o presidente da Federação Roraimense de Futebol (FRF), Zeca Xaud, para saber se a entidade tem feito algo no intuito de cobrar o Governo para a entrega do Canarinho, mas as ligações não foram retornadas.
GOVERNO – Em nota, a Seinf informou que o Estádio está passando por reforma de toda a parte de arquibancadas com a colocação de cadeiras, rampas de acesso, elevadores, novo gramado, pista de atletismo, salas e minicampo de aquecimento, cantinas, banheiros, fachada, praça de alimentação e estacionamento, além de instalações hidráulica e elétrica.
“No momento, está sendo feita a colocação da estrutura de ACM (fachada). O material complementar da fachada deverá começar a ser colocado em cerca de 20 dias. Já estão sendo adquiridas as cadeiras para as arquibancadas. Ainda serão colocados os elevadores, e, por fim, será construída a pista de atletismo”, informou.
Ao final das obras, quando o estádio for entregue à população, terá capacidade para aproximadamente 5 mil pessoas. (L.G.C)